segunda-feira, 13 de maio de 2013


---MUDANÇAS MORFOCLIMÁTICAS DA CAATINGA---

---O BANDITISMO E O MESSIANISMO NO SERTÃO DO INICIO DO SÉCULO XX---


   ·       Guilherme Sousa Ramos
   ·       Nº 05
   ·       2º A

Movimentos Messiânicos:

Messianismo: movimento individual ou coletivo que acredita no surgimento de um enviado de Deus que trará aos homens justiça, paz, felicidade, reorganizando a sociedade.
Por ocasião de crises econômicas, políticas, sociais, morais, é normal que surjam homens e mulheres anunciando a chegada de novos tempos e do castigo de Deus para os pecadores. O Brasil não foge à regra, e assistiu, no decorrer de sua história, ao surgimento desses líderes.

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Guerra dos Canudos:

A Guerra dos Canudos decorreu entre 1893 e 1897 no interior do estado da Bahia, Brasil. Foi um movimento messiânico, com contornos políticos, ocorrido na cidade dos Canudos. O seu líder carismático foi António Conselheiro.
As condições de vida no sertão eram duras. As terras estavam nas mãos dos latifundiários e uma massa de desempregados arrastava uma vida miserável numa terra fustigada pela seca prolongada. A religião representava um porto de abrigo numa vida sem esperança de dias melhores. António Vicente Manuel Conselheiro percorria o nordeste brasileiro, pregando a religião ao mesmo tempo que cuidava dos cemitérios e das capelas abandonadas. As suas palavras e ações acabaram por atrair uma multidão de miseráveis que viam nele o Messias, enviado para os libertar da sua sorte. António Conselheiro fixou-se no Arraial dos Canudos e aí fundou o Império de Belo Monte. As regras eram simples: dividiam os bens e os vícios da bebida e da carne eram proibidos.
A pregação da doutrina por António Conselheiro desagradou desde logo à Igreja, mas não era só a Igreja que se sentia incomodada. A Republica que tinha sido proclamada em 1891 também estava na mira das críticas de Conselheiro, que rejeitava o casamento civil e os impostos. Na sua pregação culpava a República pela miséria social. As ideias de justiça social acabaram por conduzi-los ao roubo e a atos de vandalismo, que não passaram impunes.
Em novembro de 1896, o governo da Bahia não podia mais conter a turba de revoltosos e pediu ajuda ao poder central. O governo enviou tropas para combater o Arraial dos Canudos, mas a tarefa não foi fácil e só terminou a 5 de outubro de 1897. Estima-se que combateram cerca de 10 000 soldados vindos de 17 estados brasileiros, durante quatro campanhas militares. Os mortos ascenderam a cerca de 25 000 e a destruição total dos Canudos. O escritor brasileiro, Euclides da Cunha imortalizou a Guerra dos Canudos na sua obra “Os Sertões” publicado em 1902.
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Banditismo:

  Condição, vida de bandido, Costumes de bandido, ato de banditismo.







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Banditismo no sertão do inicio do século XX:

Entre os séculos XIX e meados do XX, um tipo específico de banditismo se desenvolveu no sertão nordestino: o cangaço.
Os cangaceiros - bandos de malfeitores, ladrões, assassinos, bem armados, conhecedores da região - saqueavam fazendas, povoados e cidades, impunemente, ou, pior, impondo sua própria lei à região em que atuavam.
Para isso, contavam com o isolamento do sertão, com o tradicional descaso e a incompetência das autoridades constituídas, bem como com a conivência ou proteção de vários chefes políticos locais, os grandes proprietários rurais, conhecidos como "coronéis".
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O que foi o cangaço:

      ·         História do cangaço
O cangaceiro - um deles, em especial, Lampião - tornou-se personagem do imaginário nacional, ora caracterizado como uma espécie de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres, ora caracterizado como uma figura pré-revolucionária, que questionava e subvertia a ordem social de sua época e região.
Nesse sentido - Heroico/Mitológico - o cangaço é precursor do banditismo que ocorre atualmente nos morros do Rio de Janeiro ou na periferia de São Paulo, onde chefes de quadrilhas também são considerados muitas vezes benfeitores das comunidades carentes.
O cangaço existiu a partir do século 19, mas atingiu o auge entre o início do século 20, marcado pela ação do bando de Antônio Silvino, e a década de 1940, quando foi morto o cangaceiro Corisco, no interior da Bahia. Entre a atuação dos dois, destacou-se aquele que tornou-se a personificação do cangaço, por ser o líder de uma quadrilha que atuou por quase duas décadas em diversos estados do Nordeste: Virgulino Ferreira da Silva, o célebre Lampião.
Contribuíram para sua fama a violência e a ousadia, que o levaram a empreender ataques até a cidades relativamente grandes do sertão, como Mossoró (RN), em 13 de junho de 1927. Nesse caso, em especial, o ataque fracassou, pois a população local se entrincheirou na cidade e repeliu o ataque. O mesmo não aconteceu em Limoeiro do Norte (CE) ou Queimadas (BA), que o bando de Lampião tomou por alguns dias saqueando, matando indiscriminadamente, e impondo a sua vontade pelo tempo que ali permaneceu.
  •          As volantes

O agravamento do problema do cangaço levou as polícias estaduais a criar forças especiais para combatê-lo, as chamadas "volantes", comandadas por policiais de carreira, mas formadas por "soldados" temporários e cujos métodos de atuação - em especial em relação à população pobre - não era muito diferente daqueles dos próprios cangaceiros. Quanto ao governo federal, seu descaso pelo cangaço foi sempre o mesmo manifestado pelo semi-árido de um modo geral.
De qualquer modo, em 1938, o governo de Alagoas se empenhou na captura de Lampião. Uma volante comandada por João Bezerra conseguiu cercá-lo na fazenda de Angicos, um refúgio no Estado de Sergipe. Depois de vinte minutos de tiroteio, cerca de 40 cangaceiros conseguiram escapar, mas onze foram mortos, entre eles o líder do bando e sua mulher, conhecida como Maria Bonita.
Para se ter uma ideia do caráter violento da sociedade em que isso acontpeniseceu, vale mencionar que os onze mortos foram decapitados e suas cabeças, levadas para Salvador (BA), ficaram expostas no museu Nina Rodrigues até 1968 - quando foram finalmente sepultadas.
  •          O fim do cangaço

Lugar-tenente de Lampião, o cangaceiro Corisco jurou vingança e continuou a atuar até maio de 1940, quando também foi morto num cerco policial. Na década de 40, o Brasil passava por grandes transformações econômicas e sociais, promovidas pela industrialização.
A evolução dos meios de transporte e comunicação integravam pouco a pouco o sertão ao resto do país. De resto, a necessidade de mão de obra nas fábricas do Rio de Janeiro e de São Paulo passaram a atrair a população do semi-árido. Assim, as diversas circunstâncias que originaram o cangaço desapareceram junto com ele.
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Os sertões (1902):

Entre o ensaio científico e a literatura, a obra de Euclides da Cunha surpreende pela descrição da Guerra de Canudos e o uso da palavra.
Ruínas do Parque Estadual de Canudos, BA, onde se passou a guerra que é tema do livro de Euclídes da Cunha.
O romance Os Sertões (1902), de Euclides da Cunha, surgiu de uma reportagem encomendada pelo jornal O Estado de S. Paulo. Encarregado de cobrir a Guerra de Canudos (1896-1897), Euclides encontrou nos confrontos entre o Exército brasileiro e um grupo de fanáticos religiosos liderados por Antônio Conselheiro matéria para descrever a geografia e a população do sertão baiano. Vistos como uma ameaça à jovem República brasileira, os seguidores de Conselheiro foram dizimados. "Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciêmo-lo", afirma o escritor na nota preliminar do livro.
Dividido em três partes - A Terra, O Homem e A Luta -, o livro concentra diversas influências de seu tempo. Teóricos europeus, declaradamente ou não, alicerçam o autor na definição do sertanejo, depreciado pelo embasamento em correntes deterministas - hoje ultrapassadas. A obra, publicada no limiar do século 20, em 1902, de certa forma teria uma estreita ligação com o Naturalismo que a precede, mas apontava para o Modernismo que adviria duas décadas depois: o estudo do homem brasileiro seria um dos seus objetivos. Nascido na cidade de Cantagalo (RJ) em 1866, Euclides estudou engenharia na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, o que lhe forneceu os instrumentos para a análise e o exame feitos no livro.
Seria impreciso enquadrar a obra em um único gênero. Não se trata apenas de um relato científico ou jornalístico. O entrecruzamento dessas formas com o emprego do lirismo, de complexas figuras de linguagem e do tom de "ataque franco", segundo o próprio Euclides, resultou na "bíblia da nacionalidade" - para tomar emprestada a definição do célebre abolicionista Joaquim Nabuco sobre o romance.
Para a literatura brasileira, a grandeza de Os Sertões está obviamente no trabalho de linguagem operado pelo autor, que, sob o primeiro plano da objetividade científica, deixa-se tomar pela indignação e pelo espanto ante o que testemunha. Euclides via a República de maneira desiludida, identificava as "sub-raças" e prenunciava a sua extinção. Mas a natureza o surpreende quando o período é o das chuvas: "E o sertão é um paraíso... Ressurge ao mesmo tempo a fauna resistente das caatingas (...). (...) segue o campeiro pelos arrastadores, tangendo a boiada farta, e entoando a cantiga predileta... Assim se vão os dias. Passam-se um, dois, seis meses venturosos, derivados da exuberância da terra (...)". Esse deslumbramento alterna-se com o retrato da seca, o "martírio secular da terra". A proliferação de antíteses se dá também em outros níveis da obra, uma das razões que levam os críticos a ver um "barroco científico" moldando a narrativa.
É de um Euclides observador preciso e rigoroso e plenamente hábil na construção de imagens que José Lins do Rego e Graciliano poderão herdar, cada um a sua maneira, as bases de um regionalismo maduro.
Até sua morte no Rio de Janeiro, em 1909 - morto em um duelo com o amante da mulher -, Euclides ainda publicou o livro Contrastes e Confrontos (1907). À Margem da História (1909) foi lançado postumamente.
Um livro em três partes.
Na divisão do relato, o esforço para sistematizar a vida sertaneja e compreender o destino de uma região:
·         A TERRA: O cenário do conflito. Aqui, a geologia e a geografia tratam de pormenores do solo, do relevo, da flora e do clima, impiedoso no período da seca. O relato científico, nestas páginas descritivas que antecedem o conflito, é talvez o mais belo do livro, sobretudo quando trata da vegetação. Os mandacarus, os cactos, os xiquexiques, as favelas - planta típica da região que daria nome a uma elevação local e teria outros significados anos mais tarde a Catanduva, tudo é catalogado por uma poética científica.
·         O HOMEM: O antropólogo, o sociólogo e o etnólogo tomam a voz para desenhar a gênese do sertanejo, um Hércules-Quasímodo: "O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário." Traça-se a biografia de Antônio Conselheiro - "um gnóstico bronco", "o anacoreta sombrio" -, dos infortúnios da vida pessoal à transformação em líder religioso no crescente arraial de Canudos.
·         A LUTA: As sucessivas tentativas de invasão de Canudos pelo Exército. Somente a quarta expedição foi vitoriosa. No clímax do livro, a resistência da comunidade e os relatos das sangrentas batalhas. Euclides pormenoriza os embates entre os sertanejos e os soldados até o desfecho: "Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao seu esgotamento completo". O corpo de Antônio Conselheiro foi retirado de escombros e a cabeça foi cortada como prêmio: "Ali estavam (...) as linhas essenciais do crime e da loucura...".
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Antônio Conselheiro:

 Filho do comerciante Vicente Mendes Maciel e de Maria Joaquina de Jesus, Antônio Vicente Mendes Maciel ficou órfão da mãe aos seis anos. Estudou aritmética, português, geografia, francês e latim. Entre suas leituras preferidas estavam as aventuras do imperador Carlos Magno e dos 12 pares de França, adaptações de lendas populares da idade média arraigadas no folclore nordestino.
Aos 27 anos, perdeu o pai e começou a cuidar da loja da família, com a qual sustentava as quatro irmãs. Ficou dois anos à frente do negócio e, depois, passou a dar aulas numa escola de fazenda. Graças aos seus estudos e esforço pessoal, tornou-se escrivão de cartório, solicitador (encarregado de encaminhar petições ao poder Judiciário) e rábula (advogado sem diploma). Estaria encaminhado profissionalmente, caso um problema pessoal não viesse mudar radicalmente sua vida.
Depois de casado, Antônio Maciel foi traído pela mulher que fugiu com outro homem. Transtornado pela humilhação, começou a perambular sem destino certo pelo interior do Ceará e de outros Estados do Nordeste, talvez à procura dos fugitivos. Para sobreviver, trabalhou como pedreiro e construtor, ofício aprendido com o pai. Restaurava e construía capelas, igrejas e cemitérios.
Esse trabalho e as pregações do padre Ibiapina - que peregrinava pelo sertão fazendo obra de caridade - influenciaram Antônio Maciel. Ele passou a ler os Evangelhos e a divulgá-los entre o povo humilde, ouvindo também os problemas das pessoas e procurando consolá-las com mensagens religiosas. Devido aos conselhos, tornou-se conhecido como Antônio Conselheiro e arrebanhou um número crescente de seguidores fiéis que o acompanhavam pelas suas andanças.
À medida que a simpatia dos pobres por ele aumentava, surgiam também os inimigos, que se sentiam prejudicados. Por um lado, os padres, que viam seu prestígio diminuir diante das pregações de um leigo. Por outro, os latifundiários, que viam muitos empregados de suas fazendas abandonarem tudo para seguir o beato.
Em 1874, o Conselheiro e seus seguidores se fixaram perto da vila de Itapicuru de Cima, no sertão da Bahia, onde fundaram o arraial do Bom Jesus. Dois anos depois, acusado de ter assassinado a esposa, Antônio Conselheiro foi preso e mandado para o Ceará, onde o julgamento comprovou sua inocência.
Entretanto, seu fervor religioso aumentou durante a temporada na prisão. Da mesma maneira, aumentou seu prestígio entre os pobres, que passaram a vê-lo como um mártir. Mais gente se reuniu a sua volta e o acompanhou sertão afora, por andanças que duraram 17 anos. Em 1893, ele se estabeleceu definitivamente numa fazenda abandonada às margens do rio Vaza-Barris, numa afastada região do norte da Bahia, conhecida como Canudos.
Ali, fundou um povoado, que chamou de Belo Monte. Rapidamente, o vilarejo se transformou numa cidade cuja população é estimada entre 15 mil e 25 mil habitantes (há controvérsia entre os historiadores).
Canudos prosperou e se tornou incômoda para as autoridades políticas e religiosas locais, que procuravam um pretexto para acabar com ela.
Um problema comercial acerca de uma compra de madeira na cidade de Juazeiro deu motivo para que uma tropa de soldados da polícia baiana investisse contra os seguidores do Conselheiro em novembro de 1896.
A derrota dos policiais deu início a um conflito que ficou conhecido como Guerra de Canudos, que assumiu enormes proporções. Mobilizaram-se tropas do exército em três expedições militares que, enfrentando enorme resistência da população de Canudos, promoveram um massacre no arraial. O confronto estendeu-se até 5 de outubro de 1897, quando o exército tomou definitivamente o arraial. Antônio Conselheiro morrera poucos dias antes, não se sabe exatamente como.
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Virgulino Ferreira:

Conhecido como o rei do cangaço e o governador do sertão, Virgulino Ferreira da Silva nasceu no dia 7 de julho de 1897, na Fazenda Ingazeira, situada no município de Vila Bela (hoje, Serra Talhada), no sertão de Pernambuco. Foi o segundo filho de José Ferreira da Silva e de Maria Selena da Purificação. O seu nascimento, porém, só é registrado no dia 7 de agosto de 1900. Tinha como irmãos: Antônio, João, Levino, Ezequiel, Angélica, Virtuosa, Maria e Amália. Todos cresceram ouvindo e/ou presenciando estórias de cangaceiros, e Antônio Silvino lhes serve de exemplo maior.
Naquela época, o sertão quase não possuía escolas e estradas, viajava-se a pé, a cavalo, em burro e em jumento. Os denominados coronéis (os proprietários de terras) imperavam sob o peso da prepotência como os verdadeiros chefes políticos, sem nunca sofrer represálias porque a força do Estado estava sempre do seu lado. Neste sentido, eram eles que davam a palavra final, ou seja, elegiam, destituíam, perseguiam, condenavam, absolviam, torturavam e matavam.
Em períodos de crises econômicas, os coronéis recebiam ajuda do Poder Público. Isto era uma recompensa, um benefício recebido, por causa dos eleitores que controlavam mediante os "votos de cabresto" - aqueles votos fornecidos a um candidato, e garantidos pela palavra-de-ordem dos poderosos, que impõem nomeações e asseguram a hegemonia da classe política local, sem se importar com a competência profissional dos nomeados.
Apesar de muito inteligente, Virgulino abandona a escola para ajudar a família no plantio da roça e na criação de gado. Torna-se famoso nas vaquejadas. Gosta muito de dançar, de tocar sanfona, compõe versos e adora um rifle. Sabe costurar muito bem em pano e couro e confecciona as próprias roupas.
Ele tinha 19 anos quando entrou para o cangaço. Dizem que tudo começou através de disputas com José Saturnino, membro da família Nogueira e vizinha de terras. Lutando contra essa família durante muitos anos, Virgulino e seus irmãos já se comportavam como futuros cangaceiros, não tardando a entrar em conflito com a polícia. A decisão de viver e morrer como bandido, contudo, só foi tomada, mesmo, quando a polícia mata José Ferreira da Silva - o patriarca da família - enquanto ele debulhava milho.
Em um das primeiras lutas do bando, na escuridão da noite, Antônio (um dos irmãos Ferreira), espantado com o poder de fogo do rifle de Virgulino, que expelia balas sem parar e mais parecia uma tocha acesa, gritou o seguinte: Espia, Levino! O rifle de Virgulino virou um lampião! A partir desse dia, a alcunha do famoso cangaceiro passa a ser Lampião.
Virgulino consegue realizar seu maior sonho, com a intermediação do Padre Cícero Romão Batista: adquirir a patente de capitão, no Batalhão Patriótico do deputado Floro Bartholomeu, o batalhão das forças legais. Além de alimentar sua vaidade pessoal, a patente funcionaria como uma espécie de salvo-conduto, permitindo o bando circular pelas divisas dos estados do Nordeste.
Aproveitando aquela oportunidade, Virgulino solicita, também, para os companheiros Antônio Ferreira e Sabino Barbosa de Melo, os postos de 1o. e 2o. tenentes. Acatada a solicitação, os membros do bando abandonam as roupas costumeiras, vestem a farda de soldado e, como autoridades constituídas, passam a ter o dever - por mais irônico que isto possa soar -, de defender a legalidade e proteger a população nordestina.
Tudo isso foi redigido pelo Padre Cícero e assinado, a pedido deste, no dia 12 de abril de 1926, pelo engenheiro-agrônomo do Ministério da Agricultura, Dr. Pedro de Albuquerque Uchoa. Feliz da vida aos 28 anos de idade, o jovem Capitão Virgulino reúne a família para tirar fotografias.
Oficialmente, ele recebe a missão de combater a Coluna Prestes - um grupo de comunistas liderados por Luís Carlos Prestes -, grupo que vinha percorrendo o País durante o governo do presidente Artur Bernardes. No entanto, após se distanciar uns 6 quilômetros de Juazeiro, Lampião decide se embrenhar na caatinga, em busca de combates mais lucrativos, deixando para trás o prometido a Padre Cícero e as responsabilidades para com o Estado. E os soldados do governo foram chamados de "macacos", porque saíam pulando quando avistavam os cangaceiros.
No bando de Lampião tinha indivíduos de todos os tipos: gordos, magros, ruivos, louros, morenos, altos, baixos, negros e caboclos. Alguns, inclusive, eram jovens demais: Volta Seca (11 anos), Criança (15 anos), Oliveira (16 anos). O mais idoso era Pai Velho, com 71 anos de idade.
Lampião arranjava, facilmente, armamentos e munições, mas, como o fazia, era um segredo que não contava a ninguém. Uma parte das armas automáticas, para combater a Coluna Prestes, foi adquirida através do Deputado Floro Bartholomeu e do Padre Cícero. Os demais armamentos do bando foram arranjados mediante a intervenção de amigos.
Um acidente provocado pela ponta de um pau cega o olho direito do Capitão Virgulino, um órgão que, anteriormente, já se apresentava problemático devido à presença de um glaucoma. Enxergando com um olho, apenas, Lampião se vê obrigado a ficar sempre enxugando, com um lenço, as lágrimas que pingam do olho vazado. A despeito dessa deficiência, ele nunca deixou de ser um excelente estrategista.
Dizem que foi uma brincadeira de mau gosto da família Ferreira (o corte da cauda de alguns animais) a gota d’água que desencadeou uma afronta irreparável com o fazendeiro José Saturnino, proprietário das terras vizinhas e membro da família Nogueira. Sendo mais numerosos e tendo o apoio do governo, essa família termina por expulsar os Ferreira de suas terras.
A partir de 1917, Virgulino e a sua família passam a conviver com intensos tiroteios e emboscadas, não podendo morar em um lugar específico: são obrigados a vagar pelo sertão e levar uma vida de nômades.
Em meio às lutas e fugas, falece Dona Maria Selena, no Engenho Velho. E, no início de agosto de 1920, o patriarca da família - José Ferreira - é fuzilado pela volante do sargento José Lucena, enquanto debulhava milho. Naquele mesmo dia, então, os Ferreira fazem um juramento: o seu luto, até a morte, iria ser o rifle, a cartucheira e os tiroteios.
Quando sabia da existência de um coronel perverso, Lampião não perdia a oportunidade de queimar as fazendas e matar o gado. Nas incursões em vilas e povoados, o grupo saqueava, dizimava e matava. As violências cometidas pelo bando eram inúmeras: tatuagem a fogo, corte de orelha ou de língua, castração, estupro, morte lenta, entre outras. Muitos habitantes abandonavam definitivamente as suas propriedades, tornando desertas as caatingas, já que elas estavam entregues a soldados e cangaceiros.
Virgulino Ferreira era bastante impulsivo. Às vezes, passavam-se meses sem se ouvir falar nele, pensando-se, inclusive, que tinha morrido. Mas, de repente, ele surgia do nada com o seu bando, como um tremendo furacão, lutando contra as volantes, incendiando fazendas, roubando e matando com a maior naturalidade. Em algumas ocasiões, seus gestos eram generosos: confraternizava com as pessoas, organizava festas, distribuía dinheiro, pagava bebida para todos.
Em uma de suas paradas para descansar, perto da Cachoeira de Paulo Afonso, conheceu Maria Déia, filha de um fazendeiro de Jeremoabo, na Bahia. Há cinco anos ela era casada com José de Nenén - um comerciante da região - mas nutria uma paixão platônica por Lampião, mesmo sem nunca tê-lo encontrado.
Alguns afirmam que foi a própria mãe de Maria Déia que segredou a Lampião sobre essa paixão. Já outros dizem que foi Luís Pedro - integrante do bando - que insistiu para o rei do cangaço conhecê-la. Na realidade, o fato é que Virgulino caiu de amores ao vê-la. E, impressionado com a sua beleza, passou a chamá-la de Maria Bonita.
Em vez de três dias, ficou dez na Fazenda Malhada da Caiçara. Com a concordância dos pais, que apoiavam o desejo da filha, Maria Déia coloca as suas roupas em dois bornais, penteia os cabelos, despede-se para sempre do marido, e parte com Lampião rumo à caatinga. Era o ano 1931 e ela tinha 20 anos.
Pouco tempo depois, Maria Bonita engravida e sofre um aborto. Mas, em 1932, o casal de cangaceiros tem uma filha. Chamam-na de Expedita. Maria Bonita dá à luz no meio da caatinga, à sombra de um umbuzeiro, em Porto de Folha, no estado de Sergipe. Lampião foi o seu próprio parteiro.
Como se tratava de um período de intensas perseguições e confrontos, e a vida era bastante incerta, os pais não tinham condições de criá-la dentro do cangaço. Os fatos que ocorreram viraram um assunto polêmico porque uns diziam que Expedita tinha sido entregue ao tio João, irmão de Lampião que nunca fez parte do cangaço; e outros testemunharam que a criança foi deixada na casa do vaqueiro Manuel Severo, na Fazenda Jaçoba.
O Capitão Virgulino adora ser fotografado e filmado. Neste sentido, consente que Benjamim Abraão, um fotógrafo libanês, conviva durante meses com o seu bando e colete muito material sobre o cangaço. Esse fotógrafo, contudo, é assassinado por um coronel, e grande parte do seu acervo é destruída.
Maria Bonita sempre insistia muito para que Lampião cuidasse do olho vazado. Diante dessa insistência, ele se dirige a um hospital na cidade de Laranjeiras, em Sergipe, dizendo ser um fazendeiro pernambucano. Virgulino tem o olho extraído pelo Dr. Bragança - um conhecido oftalmologista de todo o sertão - e passa um mês internado para se recuperar. Após pagar todas as despesas da internação, ele sai do hospital, escondido, durante a madrugada, não sem antes deixar escrito, à carvão, na parede do quarto:
Doutor, o senhor não operou fazendeiro nenhum. O olho que o senhor arrancou foi o do Capitão Virgulino Ferreira da Silva, Lampião.
Além das emboscadas planejadas para liquidá-lo, cabe ressaltar que Lampião conseguiu sobreviver ao veneno e ao fogo. Do primeiro, contou com a dosagem fraca que lhe deu, somente, um inconveniente desarranjo intestinal; do segundo, apesar de chamuscado, conseguiu escapar pulando. Mas foi ferido à bala diversas vezes.
Excetuando-se João, todos os irmãos de Virgulino morreram antes dele. Em 1926, Antônio foi morto em Serra Talhada, no encontro com uma volante pernambucana. Uma outra volante desse mesmo estado matou Levino Ferreira. O último a falecer foi Ezequiel, gravemente ferido pela polícia de Sergipe. Mas, quando Lampião percebeu que seu irmão estava se ultimando e sofrendo, saca do próprio revólver e dispara um tiro de misericórdia bem em cima de sua testa.
Em uma outra luta contra a volante pernambucana, na vila de Serrinha, próximo a Garanhuns, Maria Bonita foi baleada. Como estava perdendo muito sangue, Lampião deu ordem para encerrar a luta imediatamente: pega a amada nos braços e segue rumo ao município de Buíque, onde ela é tratada na vila de Guaribas.
Vale deixar registrado que o bando de Lampião resistiu durante quase 20 anos, brigando com grupos de civis que o perseguiam e com a polícia de 7 estados nordestinos. Por todo esse tempo, assaltou propriedades de grandes fazendeiros, atacou povoados, vilas e cidades, roubou, pilhou, torturou e matou os seus adversários.
Apesar de ter sido baleado nove vezes, Lampião sobreviveu a todos os ferimentos, sem contar com qualquer tipo de assistência médica formal. Naquela época, desconheciam-se os antibióticos e as sulfas. Para estancar o sangue e curar os ferimentos, por exemplo, usavam-se mofo, pó de café e, até, excrementos de gado. Eram usadas, ainda, ervas medicinais e rezas dos curandeiros, que nem sempre funcionavam como se esperava. Um ferimento em seu pé, neste sentido, condenou Virgulino a mancar para o resto da vida.
Extremamente jeitoso, além de dotado de grande capacidade de improvisação, era o Capitão Virgulino que fazia os curativos, encanava pernas e braços quebrados dos feridos e fazia os partos das mulheres dos cangaceiros. Super-dotado de inteligência, ele era médico, farmacêutico, dentista, vaqueiro, poeta, estrategista, guerrilheiro, artesão. Desconfiado, só ingeria algo depois que alguém tivesse provado o alimento. Por outro lado, só entregava o dinheiro após ter recebido a mercadoria. Entretanto, não conseguiu se livrar da traição dos falsos amigos.
No dia 27 de julho de 1938, conforme o costume de anos a fio, o bando acampou na fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. Na madrugada do dia 28, a volante chegou tão de mansinho que nem os cães pressentiram. Quando um dos cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.
Não se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais seguro, segundo a opinião de Virgulino, o bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os policiais do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues da Silva, abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa.
O ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos 34 cangaceiros presentes, 11 morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais saquearam e mutilaram os mortos. Roubaram todo o dinheiro, o ouro, e as jóias.
A força volante, de maneira bastante desumana, decepa a cabeça de Lampião. Maria Bonita ainda estava viva, apesar de bastante ferida, quando sua cabeça foi degolada. O mesmo ocorreu com Quinta-Feira e Mergulhão: tiveram suas cabeças arrancadas em vida.
Feito isso, salgaram os seus troféus de vitória e colocaram em latas de querosene, contendo aguardente e cal. Os corpos mutilados e ensanguentados foram deixados a céu aberto para servirem de alimento aos urubus. Guardadas as devidas proporções, após ter passado, praticamente, cento e cinquenta anos da Revolução Francesa, os brasileiros retrocederam ao século XVIII, decepando cabeças como fizeram com Luís XVI e Maria Antonieta.
Percorrendo os estados nordestinos, o coronel João Bezerra exibia as cabeças - já em adiantado estado de decomposição - por onde passava, atraindo uma multidão de pessoas. Primeiro, os troféus estiveram em Maceió e, depois, foram ao sul do Brasil.
No Instituto de Medicina Legal de Maceió, as cabeças foram medidas, pesadas, examinadas, pois os criminalistas achavam que um homem bom não viraria um cangaceiro: este deveria ter características sui generis. Ao contrário do que pensavam alguns, as cabeças não apresentaram qualquer sinal de degenerescência física, anomalias ou displasias, tendo sido classificados, pura e simplesmente, como normais.
Do sul do País, apesar de se encontrarem em péssimo estado de conservação, as cabeças seguiram para Salvador, onde permaneceram por seis anos na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia. Lá, tornaram a ser medidas, pesadas e estudadas, na tentativa de se descobrir alguma patologia. Posteriormente, os restos mortais ficaram expostos no Museu Nina Rodrigues, em Salvador, por mais de três décadas.
Durante muito tempo, as famílias de Lampião, Corisco e Maria Bonita lutaram para dar um enterro digno aos seus parentes. O economista Silvio Bulhões, em especial, filho de Corisco e Dadá, empreendeu muitos esforços para dar um sepultamento aos restos mortais dos cangaceiros e parar, de vez por todas, essa macabra exibição pública. Segundo o depoimento do economista, dez dias após o enterro do seu pai violaram a sepultura, exumaram o corpo e, em seguida, cortaram-lhe a cabeça e o braço esquerdo, colocando-os em exposição no Museu Nina Rodrigues.
O enterro dos restos mortais dos cangaceiros só ocorreu depois do projeto de lei no. 2867, de 24 de maio de 1965. Tal projeto teve origem nos meios universitários de Brasília (em particular, nas conferências do poeta Euclides Formiga), e as pressões do povo brasileiro e do clero o reforçaram. As cabeças de Lampião e Maria Bonita foram sepultadas no dia 6 de fevereiro de 1969. Os demais integrantes do bando tiveram seu enterro uma semana depois.
Virgulino morreu aos 41 anos de idade. No entanto, contabilizando-se os riscos enfrentados durante 20 anos de cangaço, a alimentação incerta, as emboscadas, os ferimentos, a falta de assistência médica, entre outros, pode-se afirmar que o rei do cangaço viveu mesmo muito tempo. Vale registrar, por outro lado, que Lampião e Maria Bonita possuem parentes próximos em Aracaju: sua filha, Expedita, casou com Manuel Messias Neto e teve quatro filhos (Djair, Gleuse, Isa e Cristina).
Por fim, a grande inteligência de Virgulino Ferreira da Silva, bem como o seu valor como estrategista valem a pena ser ressaltados. Mais de sessenta anos após sua morte, ele continua sendo lembrado na música, na moda, na literatura de cordel, no teatro, no cinema, em escolas, em museus, em conferências e debates. O temido cangaceiro, indubitavelmente, o mais importante e carismático de todos, deixou gravado nas caatingas sertanejas um pedaço da história do Nordeste do Brasil.
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Pontos Turisticos de Canudos hoje:
  •          Alto Alegre

Área de vegetação rasteira, palco de combates entre os crentes do Conselheiro e o exército republicano.
  •          Alto do Angico

Área de vegetação rasteira; também palcos de combates entre os crentes do Conselheiro e o exército republicano.
  •          Alto do Mário

Área bem diversificada, com rochas, barro e vegetação rasteira. Foi local de entrincheiramento das forças comandadas pelo Conselheiro. É um local-chave para quem deseja saber mais detalhes sobre a guerra de Canudos. Lá, pode-se encontrar ainda escavações que serviram de trincheiras para os jagunços que lutaram contra as forças republicanas.
Trata-se de uma elevação que possibilita uma visão panorâmica de onde existia a vila de Canudos. Daí a escolha dos soldados em acampar nesta área, onde montaram estrategicamente o canhão withworth 32 que, pelo seu poder de fogo e destruição, foi apelidado pelos jagunços de "a matadeira".
Este mesmo canhão encontra-se hoje na praça Monsenhor Berenguer, principal de Monte Santo. Ele foi utilizado pela 4ª Expedição e, armado com todas as peças, pesava 1.500 Kg. O tubo e culatra medem 32 polegadas e, para transportá-lo durante a guerra, foi preciso um carro com tração de 20 bois.
  •         Belo Monte

Aldeia de pescadores que fica bem próxima à área da antiga Canudos. A diversão das crianças do Alto do Alegre ainda é colecionar balas (de chumbo) pelo chão. Ali funciona, numa casinha de apenas um cômodo, o Museu Histórico de Canudos, que guarda tudo que foi encontrado nestes últimos anos pelos lugares onde foram travados os combates e no que restou da cidade incendiada. Tem oratórios antigos, facões, punhais, capacetes de soldado, clavinotes, ferro de passar roupa, baú de couro, cartuchos de bala, máquinas de costura, fotos, ferradura de cavalos, além de outras peças, sem catalogação.
  •          Manoel Travessa

Todo o acervo foi reunido por “Seu” Manoel Alves, mais conhecido como Manoel Travessa que, em 1971, chegou ao local e, desde então, se interessou em realizar este trabalho. Ele faz questão de enfatizar que faz isso sem ajuda institucional; ficou tão impressionado com a história da guerra de Canudos que começou a procurar e guardar tudo que se relacionava com o episódio.
  •          Cidade Submersa

Uma das opções em Canudos é conhecer os locais onde aconteceram os combates e, se a água do açude estiver baixa, observar algumas partes da cidade submersa.
Dá para ver as ruínas da igreja de Santo Antônio, do cemitério e o pedestal todo de concreto onde, por algum tempo, foi colocado o canhão apelidado pelos jagunços como “a matadeira”.
  •          Canhão

Para chegar a este ponto do açude, o melhor caminho é ir por Bendegó, um pequeno povoado. Foi lá que no século passado caiu um meteorito que ficou conhecido como a pedra do Bendegó.
O marquês de Paranaguá, conselheiro de Estado e, na época, presidente da Sociedade Geográfica do Rio de Janeiro, foi a pessoa que em 1887 levou o meteorito do sertão para Salvador, mais tarde enviado para o Museu Nacional no Rio de Janeiro.
O meteorito pesa quase 5 toneladas e meia, é o 15º composto de ferro descoberto em todo o mundo e caiu próximo ao rio Bendegó, por isso tem este nome. Segundo os estudiosos, um meteorito da massa do Bendegó é uma peça valiosa para desvendar os mistérios do sistema solar.
  •          Cocorobó

Rio Vaza-Barris.
Trata-se de um açude na bacia de Vaza-Barris, concluído em 1970, com capacidade total para 243 milhões de m³ de água. Usado pela comunidade para pescaria, passeios de barco e natação. Esconde sob suas águas o mítico arraial de Canudos. 
A Prainha faz parte do Rio Vaza Barris. Com uma vista deslumbrante do rio e da paisagem  montanhosa, a prainha é ponto de atração!
  •         Memorial de Canudos

O Memorial está localizado no centro da cidade. Nele podemos encontrar relíquias, peças e artefatos da época da guerra. É como viajar e voltar no tempo dos conflitos. Ótimo lugar para uma parada turística.
  •          Parque Estadual de Canudos

Região demarcada que corresponde ao local onde aconteceram as diversas batalhas e os combates, durante a guerra. O Parque Histórico de Canudos é uma reserva ecológica e histórica com área de 1.300 ha. Lá há ainda sítios históricos como o Riacho da Umburana, por cujo leito seco as tropas republicanas se deslocavam para Canudos, vindas da cidade de Queimadas, para evitar cruzar a caatinga, Serra do Cambaio, local onde aconteceram lances heroicos, Serra do Angico, próxima ao local da sepultura do Coronel Tamarindo e onde morreu o coronel da 3ª expedição, Moreira César. Também próximo à serra do Angico está o povoado do Rosário, antiga fazenda onde as tropas federais descansavam e se abasteciam de água.
Outros locais que fazem parte do parque são: Vale da Morte, palco de mais um combate, onde estão enterrados muitos corpos dos combatentes e a Lagoa do Cipó, que ficou conhecida como a Lagoa de Sangue. Contam que por lá morreram mais de 300 jagunços.
  •          Perímetro do Vaza Barris

Com cerca de 15 km de extensão. A irrigação é feita por gravidade e os lotes são trabalhados principalmente por colonos da região. Nos lotes são produzidas sementes de frutos e hortaliças para exportação, além de muita banana.
Do alto da barragem do açude, a paisagem do Perímetro é bonita, avistando-se uma área com muito verde, por causa das algarobas (árvores que servem como alimentação para os animais), fazendo com que o local fique agradável para passeios e piqueniques. À margem do Perímetro Irrigado está um canal originário do açude, que funciona como uma piscina, onde foram instalados alguns chuveiros e um barzinho que funciona nos fins de semana, servindo peixe frito e bode assado.
O Jorrinho, como é chamado o local, é uma opção de lazer para os habitantes de Canudos e de várias cidades circunvizinhas, a apenas 3 km da sede.
  •         Rio da Toca Velha

Conjuntos de morros de calcário de rara beleza. Além da rica vegetação, constituída por espécies como umbuzeiro, favela, mandacarus, macanbira e xiquexiques, é santuário de uma vida silvestre singular, destacando-se a presença da Arara-Azul-de-Lear, uma das espécies de aves mais ameaças de extensão na natureza. De rara beleza e rica vegetação, abriga espécies, como umbuzeiro, favela, mandacarus, macambira e xiquexiques. Este santuário é singular, destacando-se a presença da Arara-azul-de-lear, uma das espécies de aves mais ameaças de extinção.
  • Arara Azul de Lear

Além da história, Canudos apresenta belezas naturais extraordinárias, como a Serra da Toca Velha. Mas, para chegar até lá é necessário pedir ajuda a um guia da região. A melhor opção é entrar em contato com a ACEPAC - Associação Canudense de Estudos e Pesquisa Antônio Conselheiro. Os participantes da entidade podem dar dicas importantes sobre o que ver na região e o melhor caminho para chegar até lá.
Há dois caminhos para ir até a serra: saindo da cidade pelo bairro Califórnia, em direção à fazenda de “Seu” Porfílio ou pela estrada do Rosário. A Toca Velha está na reserva ecológica que fica no Raso da Catarina (maior área de caatinga preservada do Brasil) e que, para ser visitada, é preciso autorização do IBAMA. Trata-se de um conjunto de montanhas de formação calcária impressionante.
Durante o caminho, em algumas elevações do terreno, tem-se uma visão do conjunto de montanhas que, no final de tarde, fica mais alaranjado por causa do reflexo do sol se pondo. Dando asas à imaginação, a impressão é de que entre as serras é possível encontrar no vale a cidade perdida. O cenário parece ter saído de um filme de aventura e a facilidade com que se formam arco-íris no céu leva a acreditar que, em algum lugar, está enterrado um pote de ouro.
  •        Serra do Cruzeiro:

Área de livre acesso, possui um cruzeiro de madeira que fica no pico da serra, além de da estátua de Antônio Conselheiro, barzinhos e uma capela, e de onde se tem uma visão do açude de Cocorobó e do perímetro irrigado do rio Vaza-Barris.
  •         Histórico Cruzeiro Centenário:

Rua do Cruzeiro.
Data de criação - Final do século XIX.
Mantenedor – Diocese.
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Fontes:
CARVALHO, Rodrigues de. Lampião e a sociologia do cangaço. Rio de Janeiro: Gráfica Editora do Livro, 1977.
CHANDLER, Billy Jaynes. Lampião, o rei dos cangaceiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
FACÓ, Rui. Cangaceiros e fanáticos: gênese e lutas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1963.
LIMA, Valdemar de Souza. O cangaceiro Lampião e o IV mandamento. Maceió: Serviços Gráficos de Alagoas, 1979.
LUNA, Luiz. Lampião e seus cabras. Rio de Janeiro: Ed. Leitura, 1963.
MACHADO, Maria Christina Russi da Matta. Aspectos do fenômeno do cangaço no Nordeste brasileiro. São Paulo: [s. n.], 1974. (Coleção da Revista de História sob a direção do Professor Eurípedes Simões de Paulo).
MACIEL, Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado. Petrópolis: Vozes, 1987.
MELLO, Frederico Pernambucano de. Quem foi Lampião. Recife/Zurich: Stahli, 1993.
OLIVEIRA, Aglae Lima de. Lampião, cangaço e Nordeste. Recife: Edições O Cruzeiro, 1970.
SILVA, Manuel Bezerra e. Lampeão e suas façanhas. Recife: Companhia Editora Nacional, [1966].

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