---MUDANÇAS MORFOCLIMÁTICAS DA CAATINGA---
---O BANDITISMO E O MESSIANISMO NO SERTÃO DO INICIO DO SÉCULO XX---
· Guilherme Sousa Ramos
· Nº 05
· 2º A
Movimentos
Messiânicos:
Messianismo: movimento individual ou coletivo que acredita no surgimento
de um enviado de Deus que trará aos homens justiça, paz, felicidade,
reorganizando a sociedade.
Por ocasião de crises
econômicas, políticas, sociais, morais, é normal que surjam homens e mulheres
anunciando a chegada de novos tempos e do castigo de Deus para os pecadores. O
Brasil não foge à regra, e assistiu, no decorrer de sua história, ao surgimento
desses líderes.
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Guerra dos Canudos:
A
Guerra dos Canudos decorreu entre 1893 e 1897 no interior do estado da Bahia,
Brasil. Foi um movimento messiânico, com contornos políticos, ocorrido na
cidade dos Canudos. O seu líder carismático foi António Conselheiro.
As
condições de vida no sertão eram duras. As terras estavam nas mãos dos
latifundiários e uma massa de desempregados arrastava uma vida miserável numa
terra fustigada pela seca prolongada. A religião representava um porto de
abrigo numa vida sem esperança de dias melhores. António Vicente Manuel
Conselheiro percorria o nordeste brasileiro, pregando a religião ao mesmo tempo
que cuidava dos cemitérios e das capelas abandonadas. As suas palavras e ações
acabaram por atrair uma multidão de miseráveis que viam nele o Messias, enviado
para os libertar da sua sorte. António Conselheiro fixou-se no Arraial dos
Canudos e aí fundou o Império de Belo Monte. As regras eram simples: dividiam
os bens e os vícios da bebida e da carne eram proibidos.
A
pregação da doutrina por António Conselheiro desagradou desde logo à Igreja,
mas não era só a Igreja que se sentia incomodada. A Republica que tinha sido
proclamada em 1891 também estava na mira das críticas de Conselheiro, que
rejeitava o casamento civil e os impostos. Na sua pregação culpava a República
pela miséria social. As ideias de justiça social acabaram por conduzi-los ao
roubo e a atos de vandalismo, que não passaram impunes.
Em
novembro de 1896, o governo da Bahia não podia mais conter a turba de
revoltosos e pediu ajuda ao poder central. O governo enviou tropas para
combater o Arraial dos Canudos, mas a tarefa não foi fácil e só terminou a 5 de
outubro de 1897. Estima-se que combateram cerca de 10 000 soldados vindos de 17
estados brasileiros, durante quatro campanhas militares. Os mortos ascenderam a
cerca de 25 000 e a destruição total dos Canudos. O escritor brasileiro,
Euclides da Cunha imortalizou a Guerra dos Canudos na sua obra “Os
Sertões”
publicado em 1902.
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Banditismo:
Condição, vida de bandido, Costumes de
bandido, ato de banditismo.
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Banditismo no sertão do inicio do
século XX:
Entre
os séculos XIX e meados do XX, um tipo específico de banditismo se desenvolveu
no sertão nordestino: o cangaço.
Os
cangaceiros - bandos de malfeitores, ladrões, assassinos, bem armados,
conhecedores da região - saqueavam fazendas, povoados e cidades, impunemente,
ou, pior, impondo sua própria lei à região em que atuavam.
Para
isso, contavam com o isolamento do sertão, com o tradicional descaso e a
incompetência das autoridades constituídas, bem como com a conivência ou
proteção de vários chefes políticos locais, os grandes proprietários rurais,
conhecidos como "coronéis".
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O que foi o cangaço:
·
História do cangaço
O
cangaceiro - um deles, em especial, Lampião - tornou-se personagem do
imaginário nacional, ora caracterizado como uma espécie de Robin Hood, que
roubava dos ricos para dar aos pobres, ora caracterizado como uma figura
pré-revolucionária, que questionava e subvertia a ordem social de sua época e
região.
Nesse
sentido - Heroico/Mitológico - o cangaço é precursor do banditismo que ocorre
atualmente nos morros do Rio de Janeiro ou na periferia de São Paulo, onde
chefes de quadrilhas também são considerados muitas vezes benfeitores das
comunidades carentes.
O
cangaço existiu a partir do século 19, mas atingiu o auge entre o início do
século 20, marcado pela ação do bando de Antônio Silvino, e a década de 1940,
quando foi morto o cangaceiro Corisco, no interior da Bahia. Entre a atuação
dos dois, destacou-se aquele que tornou-se a personificação do cangaço, por ser
o líder de uma quadrilha que atuou por quase duas décadas em diversos estados
do Nordeste: Virgulino Ferreira da Silva, o célebre Lampião.
Contribuíram
para sua fama a violência e a ousadia, que o levaram a empreender ataques até a
cidades relativamente grandes do sertão, como Mossoró (RN), em 13 de junho de
1927. Nesse caso, em especial, o ataque fracassou, pois a população local se
entrincheirou na cidade e repeliu o ataque. O mesmo não aconteceu em Limoeiro
do Norte (CE) ou Queimadas (BA), que o bando de Lampião tomou por alguns dias
saqueando, matando indiscriminadamente, e impondo a sua vontade pelo tempo que
ali permaneceu.
- As volantes
O
agravamento do problema do cangaço levou as polícias estaduais a criar forças
especiais para combatê-lo, as chamadas "volantes", comandadas por
policiais de carreira, mas formadas por "soldados" temporários e
cujos métodos de atuação - em especial em relação à população pobre - não era
muito diferente daqueles dos próprios cangaceiros. Quanto ao governo federal,
seu descaso pelo cangaço foi sempre o mesmo manifestado pelo semi-árido de um
modo geral.
De
qualquer modo, em 1938, o governo de Alagoas se empenhou na captura de Lampião.
Uma volante comandada por João Bezerra conseguiu cercá-lo na fazenda de
Angicos, um refúgio no Estado de Sergipe. Depois de vinte minutos de tiroteio,
cerca de 40 cangaceiros conseguiram escapar, mas onze foram mortos, entre eles
o líder do bando e sua mulher, conhecida como Maria Bonita.
Para
se ter uma ideia do caráter violento da sociedade em que isso acontpeniseceu, vale
mencionar que os onze mortos foram decapitados e suas cabeças, levadas para
Salvador (BA), ficaram expostas no museu Nina Rodrigues até 1968 - quando foram
finalmente sepultadas.
- O fim do cangaço
Lugar-tenente
de Lampião, o cangaceiro Corisco jurou vingança e continuou a atuar até maio de
1940, quando também foi morto num cerco policial. Na década de 40, o Brasil
passava por grandes transformações econômicas e sociais, promovidas pela
industrialização.
A
evolução dos meios de transporte e comunicação integravam pouco a pouco o
sertão ao resto do país. De resto, a necessidade de mão de obra nas fábricas do
Rio de Janeiro e de São Paulo passaram a atrair a população do semi-árido.
Assim, as diversas circunstâncias que originaram o cangaço desapareceram junto
com ele.
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Os sertões (1902):
Entre
o ensaio científico e a literatura, a obra de Euclides da Cunha surpreende pela
descrição da Guerra de Canudos e o uso da palavra.
Ruínas
do Parque Estadual de Canudos, BA, onde se passou a guerra que é tema do livro
de Euclídes da Cunha.
O
romance Os Sertões (1902), de Euclides da Cunha, surgiu de uma reportagem
encomendada pelo jornal O Estado de S. Paulo. Encarregado de cobrir a Guerra de
Canudos (1896-1897), Euclides encontrou nos confrontos entre o Exército
brasileiro e um grupo de fanáticos religiosos liderados por Antônio Conselheiro
matéria para descrever a geografia e a população do sertão baiano. Vistos como
uma ameaça à jovem República brasileira, os seguidores de Conselheiro foram
dizimados. "Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na
significação integral da palavra, um crime. Denunciêmo-lo", afirma o
escritor na nota preliminar do livro.
Dividido
em três partes - A Terra, O Homem e A Luta -, o livro concentra diversas
influências de seu tempo. Teóricos europeus, declaradamente ou não, alicerçam o
autor na definição do sertanejo, depreciado pelo embasamento em correntes
deterministas - hoje ultrapassadas. A obra, publicada no limiar do século 20,
em 1902, de certa forma teria uma estreita ligação com o Naturalismo que a
precede, mas apontava para o Modernismo que adviria duas décadas depois: o
estudo do homem brasileiro seria um dos seus objetivos. Nascido na cidade de
Cantagalo (RJ) em 1866, Euclides estudou engenharia na Escola Politécnica do
Rio de Janeiro, o que lhe forneceu os instrumentos para a análise e o exame
feitos no livro.
Seria
impreciso enquadrar a obra em um único gênero. Não se trata apenas de um relato
científico ou jornalístico. O entrecruzamento dessas formas com o emprego do
lirismo, de complexas figuras de linguagem e do tom de "ataque
franco", segundo o próprio Euclides, resultou na "bíblia da
nacionalidade" - para tomar emprestada a definição do célebre
abolicionista Joaquim Nabuco sobre o romance.
Para
a literatura brasileira, a grandeza de Os Sertões está obviamente no trabalho
de linguagem operado pelo autor, que, sob o primeiro plano da objetividade
científica, deixa-se tomar pela indignação e pelo espanto ante o que
testemunha. Euclides via a República de maneira desiludida, identificava as
"sub-raças" e prenunciava a sua extinção. Mas a natureza o surpreende
quando o período é o das chuvas: "E o sertão é um paraíso... Ressurge ao
mesmo tempo a fauna resistente das caatingas (...). (...) segue o campeiro
pelos arrastadores, tangendo a boiada farta, e entoando a cantiga predileta...
Assim se vão os dias. Passam-se um, dois, seis meses venturosos, derivados da
exuberância da terra (...)". Esse deslumbramento alterna-se com o retrato
da seca, o "martírio secular da terra". A proliferação de antíteses
se dá também em outros níveis da obra, uma das razões que levam os críticos a
ver um "barroco científico" moldando a narrativa.
É
de um Euclides observador preciso e rigoroso e plenamente hábil na construção
de imagens que José Lins do Rego e Graciliano poderão herdar, cada um a sua
maneira, as bases de um regionalismo maduro.
Até
sua morte no Rio de Janeiro, em 1909 - morto em um duelo com o amante da mulher
-, Euclides ainda publicou o livro Contrastes e Confrontos (1907). À Margem da História
(1909) foi lançado postumamente.
Um
livro em três partes.
Na
divisão do relato, o esforço para sistematizar a vida sertaneja e compreender o
destino de uma região:
·
A TERRA: O cenário do conflito. Aqui, a
geologia e a geografia tratam de pormenores do solo, do relevo, da flora e do
clima, impiedoso no período da seca. O relato científico, nestas páginas
descritivas que antecedem o conflito, é talvez o mais belo do livro, sobretudo
quando trata da vegetação. Os mandacarus, os cactos, os xiquexiques, as favelas
- planta típica da região que daria nome a uma elevação local e teria outros
significados anos mais tarde a Catanduva, tudo é catalogado por uma poética
científica.
·
O HOMEM: O antropólogo, o sociólogo e o
etnólogo tomam a voz para desenhar a gênese do sertanejo, um
Hércules-Quasímodo: "O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o
raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência,
entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário." Traça-se a
biografia de Antônio Conselheiro - "um gnóstico bronco", "o
anacoreta sombrio" -, dos infortúnios da vida pessoal à transformação em
líder religioso no crescente arraial de Canudos.
·
A LUTA: As sucessivas tentativas de
invasão de Canudos pelo Exército. Somente a quarta expedição foi vitoriosa. No
clímax do livro, a resistência da comunidade e os relatos das sangrentas
batalhas. Euclides pormenoriza os embates entre os sertanejos e os soldados até
o desfecho: "Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu
até ao seu esgotamento completo". O corpo de Antônio Conselheiro foi
retirado de escombros e a cabeça foi cortada como prêmio: "Ali estavam
(...) as linhas essenciais do crime e da loucura...".
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Antônio Conselheiro:
Filho do comerciante Vicente Mendes Maciel e
de Maria Joaquina de Jesus, Antônio Vicente Mendes Maciel ficou órfão da mãe
aos seis anos. Estudou aritmética, português, geografia, francês e latim. Entre
suas leituras preferidas estavam as aventuras do imperador Carlos Magno e dos
12 pares de França, adaptações de lendas populares da idade média arraigadas no
folclore nordestino.
Aos
27 anos, perdeu o pai e começou a cuidar da loja da família, com a qual
sustentava as quatro irmãs. Ficou dois anos à frente do negócio e, depois,
passou a dar aulas numa escola de fazenda. Graças aos seus estudos e esforço
pessoal, tornou-se escrivão de cartório, solicitador (encarregado de encaminhar
petições ao poder Judiciário) e rábula (advogado sem diploma). Estaria
encaminhado profissionalmente, caso um problema pessoal não viesse mudar
radicalmente sua vida.
Depois
de casado, Antônio Maciel foi traído pela mulher que fugiu com outro homem.
Transtornado pela humilhação, começou a perambular sem destino certo pelo
interior do Ceará e de outros Estados do Nordeste, talvez à procura dos
fugitivos. Para sobreviver, trabalhou como pedreiro e construtor, ofício
aprendido com o pai. Restaurava e construía capelas, igrejas e cemitérios.
Esse
trabalho e as pregações do padre Ibiapina - que peregrinava pelo sertão fazendo
obra de caridade - influenciaram Antônio Maciel. Ele passou a ler os Evangelhos
e a divulgá-los entre o povo humilde, ouvindo também os problemas das pessoas e
procurando consolá-las com mensagens religiosas. Devido aos conselhos,
tornou-se conhecido como Antônio Conselheiro e arrebanhou um número crescente
de seguidores fiéis que o acompanhavam pelas suas andanças.
À
medida que a simpatia dos pobres por ele aumentava, surgiam também os inimigos,
que se sentiam prejudicados. Por um lado, os padres, que viam seu prestígio
diminuir diante das pregações de um leigo. Por outro, os latifundiários, que
viam muitos empregados de suas fazendas abandonarem tudo para seguir o beato.
Em
1874, o Conselheiro e seus seguidores se fixaram perto da vila de Itapicuru de
Cima, no sertão da Bahia, onde fundaram o arraial do Bom Jesus. Dois anos
depois, acusado de ter assassinado a esposa, Antônio Conselheiro foi preso e
mandado para o Ceará, onde o julgamento comprovou sua inocência.
Entretanto,
seu fervor religioso aumentou durante a temporada na prisão. Da mesma maneira,
aumentou seu prestígio entre os pobres, que passaram a vê-lo como um mártir. Mais
gente se reuniu a sua volta e o acompanhou sertão afora, por andanças que
duraram 17 anos. Em 1893, ele se estabeleceu definitivamente numa fazenda
abandonada às margens do rio Vaza-Barris, numa afastada região do norte da
Bahia, conhecida como Canudos.
Ali,
fundou um povoado, que chamou de Belo Monte. Rapidamente, o vilarejo se
transformou numa cidade cuja população é estimada entre 15 mil e 25 mil
habitantes (há controvérsia entre os historiadores).
Canudos
prosperou e se tornou incômoda para as autoridades políticas e religiosas
locais, que procuravam um pretexto para acabar com ela.
Um
problema comercial acerca de uma compra de madeira na cidade de Juazeiro deu
motivo para que uma tropa de soldados da polícia baiana investisse contra os
seguidores do Conselheiro em novembro de 1896.
A
derrota dos policiais deu início a um conflito que ficou conhecido como Guerra
de Canudos, que assumiu enormes proporções. Mobilizaram-se tropas do exército
em três expedições militares que, enfrentando enorme resistência da população
de Canudos, promoveram um massacre no arraial. O confronto estendeu-se até 5 de
outubro de 1897, quando o exército tomou definitivamente o arraial. Antônio
Conselheiro morrera poucos dias antes, não se sabe exatamente como.
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Virgulino Ferreira:
Conhecido como o rei do cangaço e o governador
do sertão, Virgulino Ferreira da Silva nasceu no dia 7 de julho de 1897, na
Fazenda Ingazeira, situada no município de Vila Bela (hoje, Serra Talhada), no
sertão de Pernambuco. Foi o segundo filho de José Ferreira da Silva e de Maria
Selena da Purificação. O seu nascimento, porém, só é registrado no dia 7 de
agosto de 1900. Tinha como irmãos: Antônio, João, Levino, Ezequiel, Angélica,
Virtuosa, Maria e Amália. Todos cresceram ouvindo e/ou presenciando estórias de
cangaceiros, e Antônio Silvino lhes serve de exemplo maior.
Naquela
época, o sertão quase não possuía escolas e estradas, viajava-se a pé, a
cavalo, em burro e em jumento. Os denominados coronéis (os proprietários de
terras) imperavam sob o peso da prepotência como os verdadeiros chefes
políticos, sem nunca sofrer represálias porque a força do Estado estava sempre
do seu lado. Neste sentido, eram eles que davam a palavra final, ou seja,
elegiam, destituíam, perseguiam, condenavam, absolviam, torturavam e matavam.
Em
períodos de crises econômicas, os coronéis recebiam ajuda do Poder Público.
Isto era uma recompensa, um benefício recebido, por causa dos eleitores que
controlavam mediante os "votos de cabresto" - aqueles votos
fornecidos a um candidato, e garantidos pela palavra-de-ordem dos poderosos,
que impõem nomeações e asseguram a hegemonia da classe política local, sem se
importar com a competência profissional dos nomeados.
Apesar
de muito inteligente, Virgulino abandona a escola para ajudar a família no
plantio da roça e na criação de gado. Torna-se famoso nas vaquejadas. Gosta
muito de dançar, de tocar sanfona, compõe versos e adora um rifle. Sabe
costurar muito bem em pano e couro e confecciona as próprias roupas.
Ele
tinha 19 anos quando entrou para o cangaço. Dizem que tudo começou através de
disputas com José Saturnino, membro da família Nogueira e vizinha de terras.
Lutando contra essa família durante muitos anos, Virgulino e seus irmãos já se
comportavam como futuros cangaceiros, não tardando a entrar em conflito com a
polícia. A decisão de viver e morrer como bandido, contudo, só foi tomada,
mesmo, quando a polícia mata José Ferreira da Silva - o patriarca da família -
enquanto ele debulhava milho.
Em
um das primeiras lutas do bando, na escuridão da noite, Antônio (um dos irmãos
Ferreira), espantado com o poder de fogo do rifle de Virgulino, que expelia
balas sem parar e mais parecia uma tocha acesa, gritou o seguinte: Espia,
Levino! O rifle de Virgulino virou um lampião! A partir desse dia, a alcunha do
famoso cangaceiro passa a ser Lampião.
Virgulino
consegue realizar seu maior sonho, com a intermediação do Padre Cícero Romão
Batista: adquirir a patente de capitão, no Batalhão Patriótico do deputado
Floro Bartholomeu, o batalhão das forças legais. Além de alimentar sua vaidade
pessoal, a patente funcionaria como uma espécie de salvo-conduto, permitindo o
bando circular pelas divisas dos estados do Nordeste.
Aproveitando
aquela oportunidade, Virgulino solicita, também, para os companheiros Antônio
Ferreira e Sabino Barbosa de Melo, os postos de 1o. e 2o. tenentes. Acatada a
solicitação, os membros do bando abandonam as roupas costumeiras, vestem a
farda de soldado e, como autoridades constituídas, passam a ter o dever - por
mais irônico que isto possa soar -, de defender a legalidade e proteger a
população nordestina.
Tudo
isso foi redigido pelo Padre Cícero e assinado, a pedido deste, no dia 12 de
abril de 1926, pelo engenheiro-agrônomo do Ministério da Agricultura, Dr. Pedro
de Albuquerque Uchoa. Feliz da vida aos 28 anos de idade, o jovem Capitão
Virgulino reúne a família para tirar fotografias.
Oficialmente,
ele recebe a missão de combater a Coluna Prestes - um grupo de comunistas
liderados por Luís Carlos Prestes -, grupo que vinha percorrendo o País durante
o governo do presidente Artur Bernardes. No entanto, após se distanciar uns 6
quilômetros de Juazeiro, Lampião decide se embrenhar na caatinga, em busca de
combates mais lucrativos, deixando para trás o prometido a Padre Cícero e as
responsabilidades para com o Estado. E os soldados do governo foram chamados de
"macacos", porque saíam pulando quando avistavam os cangaceiros.
No
bando de Lampião tinha indivíduos de todos os tipos: gordos, magros, ruivos,
louros, morenos, altos, baixos, negros e caboclos. Alguns, inclusive, eram
jovens demais: Volta Seca (11 anos), Criança (15 anos), Oliveira (16 anos). O
mais idoso era Pai Velho, com 71 anos de idade.
Lampião
arranjava, facilmente, armamentos e munições, mas, como o fazia, era um segredo
que não contava a ninguém. Uma parte das armas automáticas, para combater a
Coluna Prestes, foi adquirida através do Deputado Floro Bartholomeu e do Padre
Cícero. Os demais armamentos do bando foram arranjados mediante a intervenção
de amigos.
Um
acidente provocado pela ponta de um pau cega o olho direito do Capitão
Virgulino, um órgão que, anteriormente, já se apresentava problemático devido à
presença de um glaucoma. Enxergando com um olho, apenas, Lampião se vê obrigado
a ficar sempre enxugando, com um lenço, as lágrimas que pingam do olho vazado.
A despeito dessa deficiência, ele nunca deixou de ser um excelente
estrategista.
Dizem
que foi uma brincadeira de mau gosto da família Ferreira (o corte da cauda de
alguns animais) a gota d’água que desencadeou uma afronta irreparável com o
fazendeiro José Saturnino, proprietário das terras vizinhas e membro da família
Nogueira. Sendo mais numerosos e tendo o apoio do governo, essa família termina
por expulsar os Ferreira de suas terras.
A
partir de 1917, Virgulino e a sua família passam a conviver com intensos
tiroteios e emboscadas, não podendo morar em um lugar específico: são obrigados
a vagar pelo sertão e levar uma vida de nômades.
Em
meio às lutas e fugas, falece Dona Maria Selena, no Engenho Velho. E, no início
de agosto de 1920, o patriarca da família - José Ferreira - é fuzilado pela
volante do sargento José Lucena, enquanto debulhava milho. Naquele mesmo dia,
então, os Ferreira fazem um juramento: o seu luto, até a morte, iria ser o
rifle, a cartucheira e os tiroteios.
Quando
sabia da existência de um coronel perverso, Lampião não perdia a oportunidade
de queimar as fazendas e matar o gado. Nas incursões em vilas e povoados, o
grupo saqueava, dizimava e matava. As violências cometidas pelo bando eram
inúmeras: tatuagem a fogo, corte de orelha ou de língua, castração, estupro,
morte lenta, entre outras. Muitos habitantes abandonavam definitivamente as
suas propriedades, tornando desertas as caatingas, já que elas estavam entregues
a soldados e cangaceiros.
Virgulino
Ferreira era bastante impulsivo. Às vezes, passavam-se meses sem se ouvir falar
nele, pensando-se, inclusive, que tinha morrido. Mas, de repente, ele surgia do
nada com o seu bando, como um tremendo furacão, lutando contra as volantes,
incendiando fazendas, roubando e matando com a maior naturalidade. Em algumas
ocasiões, seus gestos eram generosos: confraternizava com as pessoas,
organizava festas, distribuía dinheiro, pagava bebida para todos.
Em
uma de suas paradas para descansar, perto da Cachoeira de Paulo Afonso,
conheceu Maria Déia, filha de um fazendeiro de Jeremoabo, na Bahia. Há cinco
anos ela era casada com José de Nenén - um comerciante da região - mas nutria
uma paixão platônica por Lampião, mesmo sem nunca tê-lo encontrado.
Alguns
afirmam que foi a própria mãe de Maria Déia que segredou a Lampião sobre essa
paixão. Já outros dizem que foi Luís Pedro - integrante do bando - que insistiu
para o rei do cangaço conhecê-la. Na realidade, o fato é que Virgulino caiu de
amores ao vê-la. E, impressionado com a sua beleza, passou a chamá-la de Maria
Bonita.
Em
vez de três dias, ficou dez na Fazenda Malhada da Caiçara. Com a concordância
dos pais, que apoiavam o desejo da filha, Maria Déia coloca as suas roupas em
dois bornais, penteia os cabelos, despede-se para sempre do marido, e parte com
Lampião rumo à caatinga. Era o ano 1931 e ela tinha 20 anos.
Pouco
tempo depois, Maria Bonita engravida e sofre um aborto. Mas, em 1932, o casal
de cangaceiros tem uma filha. Chamam-na de Expedita. Maria Bonita dá à luz no
meio da caatinga, à sombra de um umbuzeiro, em Porto de Folha, no estado de
Sergipe. Lampião foi o seu próprio parteiro.
Como
se tratava de um período de intensas perseguições e confrontos, e a vida era
bastante incerta, os pais não tinham condições de criá-la dentro do cangaço. Os
fatos que ocorreram viraram um assunto polêmico porque uns diziam que Expedita
tinha sido entregue ao tio João, irmão de Lampião que nunca fez parte do
cangaço; e outros testemunharam que a criança foi deixada na casa do vaqueiro
Manuel Severo, na Fazenda Jaçoba.
O
Capitão Virgulino adora ser fotografado e filmado. Neste sentido, consente que
Benjamim Abraão, um fotógrafo libanês, conviva durante meses com o seu bando e
colete muito material sobre o cangaço. Esse fotógrafo, contudo, é assassinado
por um coronel, e grande parte do seu acervo é destruída.
Maria
Bonita sempre insistia muito para que Lampião cuidasse do olho vazado. Diante
dessa insistência, ele se dirige a um hospital na cidade de Laranjeiras, em
Sergipe, dizendo ser um fazendeiro pernambucano. Virgulino tem o olho extraído
pelo Dr. Bragança - um conhecido oftalmologista de todo o sertão - e passa um
mês internado para se recuperar. Após pagar todas as despesas da internação,
ele sai do hospital, escondido, durante a madrugada, não sem antes deixar
escrito, à carvão, na parede do quarto:
Doutor,
o senhor não operou fazendeiro nenhum. O olho que o senhor arrancou foi o do
Capitão Virgulino Ferreira da Silva, Lampião.
Além
das emboscadas planejadas para liquidá-lo, cabe ressaltar que Lampião conseguiu
sobreviver ao veneno e ao fogo. Do primeiro, contou com a dosagem fraca que lhe
deu, somente, um inconveniente desarranjo intestinal; do segundo, apesar de
chamuscado, conseguiu escapar pulando. Mas foi ferido à bala diversas vezes.
Excetuando-se
João, todos os irmãos de Virgulino morreram antes dele. Em 1926, Antônio foi
morto em Serra Talhada, no encontro com uma volante pernambucana. Uma outra
volante desse mesmo estado matou Levino Ferreira. O último a falecer foi
Ezequiel, gravemente ferido pela polícia de Sergipe. Mas, quando Lampião
percebeu que seu irmão estava se ultimando e sofrendo, saca do próprio revólver
e dispara um tiro de misericórdia bem em cima de sua testa.
Em
uma outra luta contra a volante pernambucana, na vila de Serrinha, próximo a
Garanhuns, Maria Bonita foi baleada. Como estava perdendo muito sangue, Lampião
deu ordem para encerrar a luta imediatamente: pega a amada nos braços e segue
rumo ao município de Buíque, onde ela é tratada na vila de Guaribas.
Vale
deixar registrado que o bando de Lampião resistiu durante quase 20 anos,
brigando com grupos de civis que o perseguiam e com a polícia de 7 estados
nordestinos. Por todo esse tempo, assaltou propriedades de grandes fazendeiros,
atacou povoados, vilas e cidades, roubou, pilhou, torturou e matou os seus
adversários.
Apesar
de ter sido baleado nove vezes, Lampião sobreviveu a todos os ferimentos, sem
contar com qualquer tipo de assistência médica formal. Naquela época,
desconheciam-se os antibióticos e as sulfas. Para estancar o sangue e curar os
ferimentos, por exemplo, usavam-se mofo, pó de café e, até, excrementos de
gado. Eram usadas, ainda, ervas medicinais e rezas dos curandeiros, que nem
sempre funcionavam como se esperava. Um ferimento em seu pé, neste sentido,
condenou Virgulino a mancar para o resto da vida.
Extremamente
jeitoso, além de dotado de grande capacidade de improvisação, era o Capitão
Virgulino que fazia os curativos, encanava pernas e braços quebrados dos
feridos e fazia os partos das mulheres dos cangaceiros. Super-dotado de
inteligência, ele era médico, farmacêutico, dentista, vaqueiro, poeta,
estrategista, guerrilheiro, artesão. Desconfiado, só ingeria algo depois que
alguém tivesse provado o alimento. Por outro lado, só entregava o dinheiro após
ter recebido a mercadoria. Entretanto, não conseguiu se livrar da traição dos
falsos amigos.
No
dia 27 de julho de 1938, conforme o costume de anos a fio, o bando acampou na
fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião
como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas
barracas. Na madrugada do dia 28, a volante chegou tão de mansinho que nem os
cães pressentiram. Quando um dos cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.
Não
se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais seguro, segundo
a opinião de Virgulino, o bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os
policiais do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues da Silva,
abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender
qualquer tentativa viável de defesa.
O
ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte.
Dos 34 cangaceiros presentes, 11 morreram ali mesmo. Lampião foi um dos
primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns
cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram
escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais saquearam e mutilaram
os mortos. Roubaram todo o dinheiro, o ouro, e as jóias.
A
força volante, de maneira bastante desumana, decepa a cabeça de Lampião. Maria
Bonita ainda estava viva, apesar de bastante ferida, quando sua cabeça foi
degolada. O mesmo ocorreu com Quinta-Feira e Mergulhão: tiveram suas cabeças
arrancadas em vida.
Feito
isso, salgaram os seus troféus de vitória e colocaram em latas de querosene,
contendo aguardente e cal. Os corpos mutilados e ensanguentados foram deixados
a céu aberto para servirem de alimento aos urubus. Guardadas as devidas
proporções, após ter passado, praticamente, cento e cinquenta anos da Revolução
Francesa, os brasileiros retrocederam ao século XVIII, decepando cabeças como
fizeram com Luís XVI e Maria Antonieta.
Percorrendo
os estados nordestinos, o coronel João Bezerra exibia as cabeças - já em
adiantado estado de decomposição - por onde passava, atraindo uma multidão de
pessoas. Primeiro, os troféus estiveram em Maceió e, depois, foram ao sul do
Brasil.
No
Instituto de Medicina Legal de Maceió, as cabeças foram medidas, pesadas, examinadas,
pois os criminalistas achavam que um homem bom não viraria um cangaceiro: este
deveria ter características sui generis. Ao contrário do que pensavam alguns,
as cabeças não apresentaram qualquer sinal de degenerescência física, anomalias
ou displasias, tendo sido classificados, pura e simplesmente, como normais.
Do
sul do País, apesar de se encontrarem em péssimo estado de conservação, as
cabeças seguiram para Salvador, onde permaneceram por seis anos na Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal da Bahia. Lá, tornaram a ser medidas,
pesadas e estudadas, na tentativa de se descobrir alguma patologia.
Posteriormente, os restos mortais ficaram expostos no Museu Nina Rodrigues, em
Salvador, por mais de três décadas.
Durante
muito tempo, as famílias de Lampião, Corisco e Maria Bonita lutaram para dar um
enterro digno aos seus parentes. O economista Silvio Bulhões, em especial,
filho de Corisco e Dadá, empreendeu muitos esforços para dar um sepultamento
aos restos mortais dos cangaceiros e parar, de vez por todas, essa macabra
exibição pública. Segundo o depoimento do economista, dez dias após o enterro
do seu pai violaram a sepultura, exumaram o corpo e, em seguida, cortaram-lhe a
cabeça e o braço esquerdo, colocando-os em exposição no Museu Nina Rodrigues.
O
enterro dos restos mortais dos cangaceiros só ocorreu depois do projeto de lei
no. 2867, de 24 de maio de 1965. Tal projeto teve origem nos meios
universitários de Brasília (em particular, nas conferências do poeta Euclides
Formiga), e as pressões do povo brasileiro e do clero o reforçaram. As cabeças
de Lampião e Maria Bonita foram sepultadas no dia 6 de fevereiro de 1969. Os
demais integrantes do bando tiveram seu enterro uma semana depois.
Virgulino
morreu aos 41 anos de idade. No entanto, contabilizando-se os riscos
enfrentados durante 20 anos de cangaço, a alimentação incerta, as emboscadas,
os ferimentos, a falta de assistência médica, entre outros, pode-se afirmar que
o rei do cangaço viveu mesmo muito tempo. Vale registrar, por outro lado, que
Lampião e Maria Bonita possuem parentes próximos em Aracaju: sua filha,
Expedita, casou com Manuel Messias Neto e teve quatro filhos (Djair, Gleuse,
Isa e Cristina).
Por
fim, a grande inteligência de Virgulino Ferreira da Silva, bem como o seu valor
como estrategista valem a pena ser ressaltados. Mais de sessenta anos após sua
morte, ele continua sendo lembrado na música, na moda, na literatura de cordel,
no teatro, no cinema, em escolas, em museus, em conferências e debates. O
temido cangaceiro, indubitavelmente, o mais importante e carismático de todos,
deixou gravado nas caatingas sertanejas um pedaço da história do Nordeste do
Brasil.
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Pontos Turisticos de Canudos hoje:
- Alto Alegre
Área
de vegetação rasteira, palco de combates entre os crentes do Conselheiro e o
exército republicano.
- Alto do Angico
Área
de vegetação rasteira; também palcos de combates entre os crentes do Conselheiro
e o exército republicano.
- Alto do Mário
Área
bem diversificada, com rochas, barro e vegetação rasteira. Foi local de
entrincheiramento das forças comandadas pelo Conselheiro. É um local-chave para
quem deseja saber mais detalhes sobre a guerra de Canudos. Lá, pode-se
encontrar ainda escavações que serviram de trincheiras para os jagunços que
lutaram contra as forças republicanas.
Trata-se
de uma elevação que possibilita uma visão panorâmica de onde existia a vila de
Canudos. Daí a escolha dos soldados em acampar nesta área, onde montaram
estrategicamente o canhão withworth 32 que, pelo seu poder de fogo e
destruição, foi apelidado pelos jagunços de "a matadeira".
Este
mesmo canhão encontra-se hoje na praça Monsenhor Berenguer, principal de Monte
Santo. Ele foi utilizado pela 4ª Expedição e, armado com todas as peças, pesava
1.500 Kg. O tubo e culatra medem 32 polegadas e, para transportá-lo durante a
guerra, foi preciso um carro com tração de 20 bois.
- Belo Monte
Aldeia de pescadores
que fica bem próxima à área da antiga Canudos. A diversão das crianças do Alto
do Alegre ainda é colecionar balas (de chumbo) pelo chão. Ali funciona, numa
casinha de apenas um cômodo, o Museu Histórico de Canudos, que guarda tudo que
foi encontrado nestes últimos anos pelos lugares onde foram travados os
combates e no que restou da cidade incendiada. Tem oratórios antigos, facões,
punhais, capacetes de soldado, clavinotes, ferro de passar roupa, baú de couro,
cartuchos de bala, máquinas de costura, fotos, ferradura de cavalos, além de
outras peças, sem catalogação.
- Manoel Travessa
Todo
o acervo foi reunido por “Seu” Manoel Alves, mais conhecido como Manoel
Travessa que, em 1971, chegou ao local e, desde então, se interessou em
realizar este trabalho. Ele faz questão de enfatizar que faz isso sem ajuda
institucional; ficou tão impressionado com a história da guerra de Canudos que
começou a procurar e guardar tudo que se relacionava com o episódio.
- Cidade Submersa
Uma
das opções em Canudos é conhecer os locais onde aconteceram os combates e, se a
água do açude estiver baixa, observar algumas partes da cidade submersa.
Dá
para ver as ruínas da igreja de Santo Antônio, do cemitério e o pedestal todo
de concreto onde, por algum tempo, foi colocado o canhão apelidado pelos jagunços
como “a matadeira”.
- Canhão
Para
chegar a este ponto do açude, o melhor caminho é ir por Bendegó, um pequeno
povoado. Foi lá que no século passado caiu um meteorito que ficou conhecido
como a pedra do Bendegó.
O
marquês de Paranaguá, conselheiro de Estado e, na época, presidente da
Sociedade Geográfica do Rio de Janeiro, foi a pessoa que em 1887 levou o
meteorito do sertão para Salvador, mais tarde enviado para o Museu Nacional no
Rio de Janeiro.
O
meteorito pesa quase 5 toneladas e meia, é o 15º composto de ferro descoberto
em todo o mundo e caiu próximo ao rio Bendegó, por isso tem este nome. Segundo
os estudiosos, um meteorito da massa do Bendegó é uma peça valiosa para
desvendar os mistérios do sistema solar.
- Cocorobó
Rio
Vaza-Barris.
Trata-se
de um açude na bacia de Vaza-Barris, concluído em 1970, com capacidade total
para 243 milhões de m³ de água. Usado pela comunidade para pescaria, passeios
de barco e natação. Esconde sob suas águas o mítico arraial de Canudos.
A
Prainha faz parte do Rio Vaza Barris. Com uma vista deslumbrante do rio e da
paisagem montanhosa, a prainha é ponto
de atração!
- Memorial de Canudos
O
Memorial está localizado no centro da cidade. Nele podemos encontrar relíquias,
peças e artefatos da época da guerra. É como viajar e voltar no tempo dos
conflitos. Ótimo lugar para uma parada turística.
- Parque Estadual de Canudos
Região
demarcada que corresponde ao local onde aconteceram as diversas batalhas e os
combates, durante a guerra. O Parque Histórico de Canudos é uma reserva
ecológica e histórica com área de 1.300 ha. Lá há ainda sítios históricos como
o Riacho da Umburana, por cujo leito seco as tropas republicanas se deslocavam
para Canudos, vindas da cidade de Queimadas, para evitar cruzar a caatinga,
Serra do Cambaio, local onde aconteceram lances heroicos, Serra do Angico,
próxima ao local da sepultura do Coronel Tamarindo e onde morreu o coronel da
3ª expedição, Moreira César. Também próximo à serra do Angico está o povoado do
Rosário, antiga fazenda onde as tropas federais descansavam e se abasteciam de
água.
Outros
locais que fazem parte do parque são: Vale da Morte, palco de mais um combate,
onde estão enterrados muitos corpos dos combatentes e a Lagoa do Cipó, que
ficou conhecida como a Lagoa de Sangue. Contam que por lá morreram mais de 300
jagunços.
- Perímetro do Vaza Barris
Com
cerca de 15 km de extensão. A irrigação é feita por gravidade e os lotes são
trabalhados principalmente por colonos da região. Nos lotes são produzidas
sementes de frutos e hortaliças para exportação, além de muita banana.
Do
alto da barragem do açude, a paisagem do Perímetro é bonita, avistando-se uma
área com muito verde, por causa das algarobas (árvores que servem como
alimentação para os animais), fazendo com que o local fique agradável para
passeios e piqueniques. À margem do Perímetro Irrigado está um canal originário
do açude, que funciona como uma piscina, onde foram instalados alguns chuveiros
e um barzinho que funciona nos fins de semana, servindo peixe frito e bode
assado.
O
Jorrinho, como é chamado o local, é uma opção de lazer para os habitantes de
Canudos e de várias cidades circunvizinhas, a apenas 3 km da sede.
- Rio da Toca Velha
Conjuntos
de morros de calcário de rara beleza. Além da rica vegetação, constituída por espécies
como umbuzeiro, favela, mandacarus, macanbira e xiquexiques, é santuário de uma
vida silvestre singular, destacando-se a presença da Arara-Azul-de-Lear, uma
das espécies de aves mais ameaças de extensão na natureza. De rara beleza e
rica vegetação, abriga espécies, como umbuzeiro, favela, mandacarus, macambira
e xiquexiques. Este santuário é singular, destacando-se a presença da
Arara-azul-de-lear, uma das espécies de aves mais ameaças de extinção.
- Arara Azul de Lear
Além
da história, Canudos apresenta belezas naturais extraordinárias, como a Serra
da Toca Velha. Mas, para chegar até lá é necessário pedir ajuda a um guia da
região. A melhor opção é entrar em contato com a ACEPAC - Associação Canudense
de Estudos e Pesquisa Antônio Conselheiro. Os participantes da entidade podem
dar dicas importantes sobre o que ver na região e o melhor caminho para chegar
até lá.
Há
dois caminhos para ir até a serra: saindo da cidade pelo bairro Califórnia, em
direção à fazenda de “Seu” Porfílio ou pela estrada do Rosário. A Toca Velha
está na reserva ecológica que fica no Raso da Catarina (maior área de caatinga
preservada do Brasil) e que, para ser visitada, é preciso autorização do IBAMA.
Trata-se de um conjunto de montanhas de formação calcária impressionante.
Durante
o caminho, em algumas elevações do terreno, tem-se uma visão do conjunto de
montanhas que, no final de tarde, fica mais alaranjado por causa do reflexo do
sol se pondo. Dando asas à imaginação, a impressão é de que entre as serras é
possível encontrar no vale a cidade perdida. O cenário parece ter saído de um
filme de aventura e a facilidade com que se formam arco-íris no céu leva a
acreditar que, em algum lugar, está enterrado um pote de ouro.
- Serra do Cruzeiro:
Área
de livre acesso, possui um cruzeiro de madeira que fica no pico da serra, além
de da estátua de Antônio Conselheiro, barzinhos e uma capela, e de onde se tem
uma visão do açude de Cocorobó e do perímetro irrigado do rio Vaza-Barris.
- Histórico Cruzeiro Centenário:
Rua
do Cruzeiro.
Data
de criação - Final do século XIX.
Mantenedor
– Diocese.
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Mais Sobre Canudos Atualmente:
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Vídeos Relacionados:
Fontes:
CARVALHO,
Rodrigues de. Lampião e a sociologia do cangaço. Rio de Janeiro: Gráfica
Editora do Livro, 1977.
CHANDLER,
Billy Jaynes. Lampião, o rei dos cangaceiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1981.
FACÓ,
Rui. Cangaceiros e fanáticos: gênese e lutas. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1963.
LIMA,
Valdemar de Souza. O cangaceiro Lampião e o IV mandamento. Maceió: Serviços
Gráficos de Alagoas, 1979.
LUNA,
Luiz. Lampião e seus cabras. Rio de Janeiro: Ed. Leitura, 1963.
MACHADO,
Maria Christina Russi da Matta. Aspectos do fenômeno do cangaço no Nordeste
brasileiro. São Paulo: [s. n.], 1974. (Coleção da Revista de História sob a
direção do Professor Eurípedes Simões de Paulo).
MACIEL,
Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado. Petrópolis: Vozes, 1987.
MELLO,
Frederico Pernambucano de. Quem foi Lampião. Recife/Zurich: Stahli, 1993.
OLIVEIRA,
Aglae Lima de. Lampião, cangaço e Nordeste. Recife: Edições O Cruzeiro, 1970.
SILVA,
Manuel Bezerra e. Lampeão e suas façanhas. Recife: Companhia Editora Nacional,
[1966].
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